A alta da taxa básica de juros chega a seu 11º reajuste consecutivo.
Por Adriano Machado
Em uma nova tentativa de conter a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) anunciou ontem (15) o aumento da Selic em 0,50 ponto percentual, a 13,25% ao ano. Com isso, a alta da taxa básica de juros chega a seu 11º reajuste consecutivo, que começou a ser elevada em março de 2021, quando figurava em 2%, seu menor patamar desde 1997.
Em comunicado, o colegiado informou que o ambiente externo seguiu se deteriorando, marcado por revisões negativas para o crescimento global prospectivo em um ambiente de fortes e persistentes pressões inflacionárias.
“O aperto das condições financeiras motivado pela reprecificação da política monetária nos países avançados, assim como pelo aumento da aversão a risco, eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes”, explicou a autarquia.
O Copom ainda considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, complementa o colegiado. Para a próxima reunião, o Copom antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude.
Mais cedo, o Federal Reserve comunicou um aumento de 0,75 ponto percentual nos juros, indo de acordo com a expectativa do mercado e marcando sua maior elevação desde 1994. Neste cenário de alta nos dois países, setores de construção civil, varejo e tecnologia devem ser mais impactados, de acordo com o especialista em renda variável da Acqua Vero, Tales Barros. “Isso ocorre por conta destes setores dependerem de juros mais longos para financiar suas operações”, explica.
Um ponto que contribui para o cenário inflacionário é a guerra na Ucrânia, que traz pressões nos preços das commodities. “Isso afeta não só a atividade global, como também a política monetária. Ela faz com que os bancos centrais estendam os ciclos de aperto monetário com mais elevação de juros no final do período. Isso deixa as condições financeiras mais apertadas no mundo inteiro”, diz o especialista em finanças e CEO da Philos Invest Rafael Marques.
Fonte: REUTERS