Em Salvador, a situação é diferente, dados da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) mostram uma diminuição de 48,97% no número de casos
Os mosquitos Aedes são velhos conhecidos dos baianos. Além da Dengue e Zika, o mosquito pode transmitir a Chikungunya, doença que começa com febre súbita, cefaléia, dores nas articulações e pode deixar sequelas por muitos anos. A situação na capital é animadora, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, entre janeiro e junho deste ano, foram identificados 125 casos da doença na capital, o que aponta uma diminuição de 48,97% em relação ao ano anterior. Mas, os dados estaduais mostram um aumento no número de casos da doença em toda a Bahia. Segundo a Sesab, de janeiro a junho deste ano foram identificados 4.366 casos a mais do que no mesmo período do ano anterior. O infectologista Claudilson José esclarece que não há preocupação sobre a mortalidade pela doença e políticas de saúde pública podem contribuir para a diminuição dos casos no estado.
Enquanto surge o primeiro caso de óbito por Chikungunya em Pernambuco, a Bahia pode comemorar a baixa letalidade da doença no estado. Segundo dados da Sesab não houve óbitos por Chikungunya na Bahia entre os anos de 2021 e 2022. O infectologista Claudilson José explica que não há preocupação sobre a mortalidade pela doença: “A Chikungunya tem uma baixa letalidade. Realmente, as pessoas que têm Chikungunya podem ficar com sequelas, com dores articulares, artralgias e artrites de forma crônica prolongada, mas não há consequência de mortalidade, então (a taxa de mortalidade) sempre foi baixa se você comparar com dengue.” relata.
No entanto, ainda é necessário se preocupar e prevenir. Dados da secretaria mostram um crescimento no número de casos. “De 02 de janeiro a 28 de junho foram notificados 16.531 casos prováveis de Chikungunya no estado. No mesmo período de 2021, foram notificados 12.165 casos prováveis, o que representa um incremento de 35,9%, com 4.366 casos a mais do que no último ano.” revela.
Em Salvador, a situação é diferente, dados da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) mostram uma diminuição de 48,97% no número de casos de Chikungunya na capital baiana em relação ao ano passado. Os dados mostram que entre 2 de janeiro a 25 de junho de 2021 houveram 245 casos de Chikungunya em Salvador e apenas 125 no mesmo período deste ano. Assim, Salvador registrou 120 casos a menos da doença em 2022.
Para o infectologista, a maior aderência às políticas de saúde pública na capital podem ter interferido na diminuição dos casos em relação ao resto do estado. “Acredito eu que de uma certa forma, as políticas de saúde na capital têm maior participação. Políticas de saúde pública. Isso pode ter ajudado na diminuição de casos. As pessoas são mais informadas, digamos assim, com os cuidados que têm que ter nas épocas de chuva.” relata.
Ruth Chagas, professora, 51 anos, teve Chikungunya em 2020 e até hoje tem sequelas da doença. Ela conta sobre os dias de sofrimento que teve quando começaram os sintomas. “Deitei bem pela tarde e acordei com muito frio, febre e calafrios. Tentei levantar e já não conseguia, tamanha eram as dores nas articulações. Com muito esforço consegui me arrastar até onde estava o celular e consegui pedir ajuda para minha irmã. Junto com as dores tive muitos episódios de vômito. Fui à UPA e o médico após descartar covid, descobriu que era chikungunya. Foram dias terríveis. Precisava de alguém para me sentar e levantar , movimentos que até então eram simples eu já não conseguia fazer sozinha. Tive muita febre por vários dias e as dores nas articulações só pioraram. Comecei a sentir um pouco de alívio quase uma semana depois.” Ruth afirma ainda que após a infecção, passou a sentir dores mais intensas nas articulações e perda de força nos membros superiores.
Segundo a Sesab, o nome Chikungunya reflete bem a realidade de Ruth e outros pacientes que tiveram a doença: “Curvar-se ou tornar-se contorcido”. Como ainda não há vacina para a doença, a melhor forma de evitar passar por essas dores é evitando a proliferação dos mosquitos transmissores, que se reproduzem em água parada.