Alta da gasolina lidera subida de preços e também é a mais inflacionada do país
Por Annandra Lís
“Tá tudo caro!” O soteropolitano tem repetido em coro essa frase durante os últimos meses. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial da inflação, calculado pelo IBGE, revelou o que todo mundo já sabia, o custo de vida está cada vez mais caro na capital e Região Metropolitana (RMS). Em junho, a inflação na RMS ficou em 1,24%, indíce mais alto do país, que está em 0,67%. Este número também representa a inflação mais alta para um mês de junho, na RMS, em 27 anos. A alta na inflação da região é puxada pelo grupo de transportes, com a gasolina da RMS com maior aumento do país (4,63%). O especialista no assunto, economista Denilson Lima, explica que a alta em produtos como gasolina, gás de cozinha e itens básicos da alimentação podem ser afetados por fatores de política internacional e climáticos que balizam a lei da oferta e da procura.
Todos os 16 locais pesquisados pelo IBGE para calcular a inflação oficial do Brasil tiveram altas no IPCA, em junho. Mas a Região Metropolitana de Salvador é a que possui o índice mais elevado do país (1,24%), muito acima da média nacional (0,67%). Os menores índices registrados no país foram os das RM Belém/PA (0,26%) e Rio de Janeiro/RJ (0,39%) e do município de Goiânia/GO (0,51%). O aumento se repete quando olhamos para o período de seis meses. Com o resultado de junho, o IPCA na RM Salvador acumula alta de 6,60% no primeiro semestre de 2022, deixando a região acima do índice nacional (5,49%) e repetindo o título de maior inflação do país. No período de 12 meses encerrado em junho, a inflação na RM Salvador chega a 13,41%, frente a 12,98% em maio. Continua acima do indicador nacional (11,89%) e se manteve como a segunda mais elevada, abaixo apenas da RM Curitiba/PR (14,24%).
Outro índice revelado pelo IBGE neste mês é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação das famílias com menores rendimentos (até 5 salários mínimos). A RMS também liderou com a inflação mais alta do país (1,22%), acima da média nacional de 0,62%. Colocando o mês de junho de 2022 como o mais alto em 27 anos. O aumento se mantém em relação ao primeiro semestre de 2022 (7,03%), colocando a RMS como o maior índice do país e superior ao nacional (5,61%). Bem como nos últimos 12 meses terminados em junho, onde a RMS teve inflação de 13,98%, enquanto o índice nacional está em 11,92%.
A inflação de junho na RMS foi liderada pelo grupo de transportes com (3,97%), tendo o maior impacto vindo do aumento nos combustíveis, com inflação de (4,53%), liderado pela gasolina (4,63%).O aumento registrado na RMS foi o maior do país e levou a gasolina a ser de novo o item que individualmente mais contribuiu para o aumento do custo de vida. No primeiro semestre, a gasolina acumula alta de 15,06% na RM Salvador. O etanol (5,60%) e, em menor intensidade, o diesel (2,60%) também seguiram com aumentos importantes. Após os combustíveis, vêm os aumentos nos ônibus urbanos (8,86%) e passagens aéreas (16,89%). Denilson Lima enfatiza que a única refinaria que existe na Bahia não é mais da Petrobrás, e sim a Acelen, que reajustou por volta de 12 vezes o preço dos combustíveis baseado no preço do petróleo internacional, vendido em dólar. O economista reitera que o mercado de combustíveis é livre no Brasil. “As distribuidoras podem fazer seus preços e os postos de gasolina também podem reajustar o preço”. explica.
Com a alta na inflação, muitos soteropolitanos têm feito malabarismos para dar conta de todos os compromissos e não deixar faltar comida em casa.Glenda Almeida, advogada, conta que tem substituído alguns hábitos alimentares para dar conta da situação. “Aqui em casa antigamente fazíamos compras do mês, hoje em dia devido a alta dos preços dos alimentos e principalmente do horti fruti, estamos fazendo compras semanais de forma a comprar somente o que precisa pra a semana e assim evitar desperdício. Hoje em dia fazer uma panela de feijão sai muito caro, se juntar todos os ingredientes como tomate e charque, que tem chegado a 20 reais a peça. Carne também estamos deixando pra uma vez na semana e estamos priorizando o uso de frango. Cada ida ao mercado a gente se surpreende com o valor dos itens básicos de alimentação. E ainda tem gente comemorando e lavando o carro de gasolina por ter baixado 80 centavos.” comenta.