O Banco Central realiza, nesta semana, a primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que começa na terça-feira (30/01) e termina na quarta. A expectativa de analistas é de que não haverá surpresas, apesar de o colegiado contar com dois novos integrantes indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos) e Rodrigo Alves Teixeira (Administração) —, somando agora quatro dos nove diretores da autoridade monetária mais alinhados com o pensamento heterodoxo do que os demais integrantes indicados pelo governo anterior, mais ortodoxos.
O consenso dos especialistas é de que o Copom manterá o mesmo ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual, iniciado em agosto, e reduzirá a taxa básica da economia (Selic), de 11,75% para 11,25% ao ano. Contudo, ainda há um pouco de dúvidas entre o patamar dos juros básicos no fim do ano, que varia entre 9% e 9,25% anuais nas apostas.
“Não deve haver novidades na decisão. Há uma convergência na queda da Selic neste momento. As divergências vão aparecer quando precisar subir a taxa em algum momento no futuro. Por ora, estão todos de acordo”, destaca Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. Ele prevê a Selic encerrando o ano em 9,25%, um pouco acima da mediana das apostas do mercado coletadas pelo Banco Central no boletim Focus, de 9% ao ano, passando para 8,5% em 2025 e em 2026.
Na avaliação de Vale, da MB, a divisão entre os diretores pode começar também no ciclo final de queda dos juros. “Vai ser interessante observar os novos membros, talvez, trabalhando por uma queda maior. Ainda nessa decisão seria interessante um esforço maior de preocupação do BC em relação à questão fiscal, mas não me parece que vá acontecer”, destaca Vale, em referência às incertezas que persistem em relação ao contínuo descompasso entre as despesas e as receitas. Não à toa, ele prevê um rombo fiscal ainda elevado em 2024, em torno de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), apesar das apostas de deficit primário deste ano oscilarem em torno de 0,8% do PIB.
Luis Leal, economista-chefe da G5 Partners, também acha que não há razão para esperar por novidades no próximo Copom. “De novo, a única grande curiosidade do mercado é se o BC vai continuar mantendo o plural para designar que o ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual será mantido nas ‘próximas reuniões’, o que estenderia os cortes em 0,50 ponto até maio”, avalia o economista. “No mais, deve ser um ‘corta/cola’ do último comunicado, talvez com um pouco mais de tinta no cenário internacional por causa destes problemas no Mar Vermelho que estão elevando os fretes”, acrescenta ele, citando a mudança de rotas no Oriente Médio por conta dos ataques aos navios pelos houthis, no Iêmen, que apoiam os terroristas do Hamas.
Fonte: Correio braziliense